ENRASCADA FINANCEIRA

H algum tempo atrs escrevemos sobre o tema da armadilha da liquidez

, com base na viso acadmica. Observa-se hoje que as taxas de juros cada vez mais esto sendo reduzidas pela fora do mercado. Embora existam ainda alguns pensadores de que nossa taxa de juros (Selic) seja a mais alta do mundo, na ocasio alertvamos do risco que corre o pas se baixar demais as taxas onde fatalmente cairamos no que se chama armadilha de liquidez. Assim haver um certo momento que por mais que se tenta baixar as taxas de juros no mais influenciaro a sociedade para que compre mais. Nestes termos, tambm no influenciaro os bancos a emprestarem mais, embora as taxas praticadas pelo mercado so diferentes da taxa primria.

Por sua vez, tem se revelado recentemente em nosso pas, uma oferta macia de dinheiro a taxas de juros cada vez mais generosas. Inclusive de entidades propondo para quem j tem emprstimo trocar por novos, com taxas mais baixa. Logo isto est virando uma espiral perigosa. No mundo inteiro h um excesso de capital financeiro em relao aos nveis de produo. Em termos mais singelos h mais dinheiro escritural disponvel do que as necessidades de produo. Estes recursos precisam girar, porque se no ele morre. As contas escriturais esto chegando a um patamar dramtico, onde no futuro toda a sociedade estar devendo, ou, com seus rendimentos totalmente comprometidos com dvidas, onde no haver mais para quem emprestar.

Faamos um pequeno raciocnio. Quando os bancos emprestam o fazem com base em sua estrutura de recursos escriturais. As pessoas ou entidades que tomam emprestado, no guardam o dinheiro nos seus colches, aproveitam para quitar dividas, fazer novas compras etc. que por sua vez retornam aos mesmos bancos que recentemente emprestaram. Assim, velocidade praticamente da luz, as pessoas tomam emprestado de manh e a tarde este recursos retornam ao sistema bancrio, aumentando ainda mais seus recursos. Mas estes recursos devem ser recolocados novamente, porque dinheiro parado no rende juros. Como a sociedade est praticamente comprometida com emprstimos anteriores no tem mais espaos na suas renda para novas compras. Numa linguagem tcnica, o sistema bancrio um criador de moeda, aqui no sentido escritural. Por outra tica, quanto mais rpido este giro mais ainda dever cair as taxas de mercado. Assim, quanto mais ele empresta, mais cria moeda, quanto mais cria moeda mais precisa emprestar. Novamente a lei de mercado, quando a oferta de moeda maior do que a demanda as taxas de juros tendem a baixar. Assim entramos por outro caminho na armadilha da liquidez pelo vis bancrio. Se parar de emprestar, o banco quebra, se continuar baixando os juros chegar um momento que as taxas no cobrem seus custos. Diante disto s tem uma sada, ampliar mais e mais a tecnologia de atendimento, pelo preo da demisso em massa de seus funcionrios. Mas funcionrio desempregado tambm no compra. No comprando pra a roda da economia. Numa metfora apropriada, quando os silos esto abarrotados de trigo melhor doar o excedente a quem passa fome, do que deixarem as pragas o comerem por inteiro.

Sergio Sebold Economista e Professor

ENRASCADA FINANCEIRA

Por: Sergio Sebold

Perfil do Autor

(Artigonal SC #3318191)

Fonte do Artigo - http://www.artigonal.com/credito-artigos/enrascada-financeira-3318191.html

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