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A compreenso humana e a prtica docente
A compreenso humana e a prtica docente

Este artigo objetiva analisar a educao tendo como base terica "os sete saberes", de Edgar Morin, detendo-se no aspecto da compreenso humana, e a prtica escolar em sala de aula. Os sete saberes so "buracos negros", descobertos na educao atravs de uma reflexo geral sobre os problemas desta e, segundo Morin, pilares do que deveria ser uma educao que atendesse s aspiraes e necessidades do ser humano do terceiro milnio.

O primeiro buraco negro o do conhecimento. Apesar de a educao consistir em ensinar conhecimentos, no ensina efetivamente o que o conhecimento. Morin denomina de "idealista" a tendncia que temos de assumir ideias como se fossem a realidade, sendo que todo conhecimento sobre a realidade traduo e reconstruo desta. Faz-se necessrio, portanto, mostrar os pressupostos que presidem o conhecimento, elucidar sobre o fato de este sempre comportar riscos e iluses e demonstrar suas razes e causas.

O segundo buraco negro o conhecimento pertinente. Consiste numa ao de contextualizar o saber, situar as informaes num contexto global, geogrfico e histrico. necessrio ensinar atravs de disciplinas interligadas, que no atrofiem a capacidade natural do esprito de contextualizar o que aprende.

A condio humana o terceiro buraco negro. No se ensina sobre a identidade do ser humano. Nas diferentes reas do conhecimento se estuda aspectos do homem, mas tudo se encontra fragmentado, desintegrado, e a questo crucial continua sem ser devidamente explorada. Para se conhecer e tomar conscincia de sua condio, o homem precisa direcionar sua reflexo para si mesmo, em sua unidade e multiplicidade, simultaneamente. Para isso no bastam as cincia humanas, separadas umas das outras. fundamental a literatura e, do mesmo modo, um estudo da condio humana na interligao das disciplinas.

O quarto buraco negro refere-se compreenso humana. Falaremos deste a seguir.

O quinto buraco negro a incerteza. A ideia geral que apenas as certezas devem ser ensinadas. No entanto, atualmente as cincias so obrigadas a lidar com o incerto, pois a complexa histria da vida e da humanidade no permite ser entendida de modo linear. A saga humana sempre teve destino desconhecido e a aquisio da incerteza uma das maiores conquistas da conscincia. Na Histria existem exemplos abundantes de que necessrio ensinar a enfrentar o inesperado e o acaso.

O sexto buraco negro o que se pode denominar de a era planetria. Seu objetivo seria fazer com que tomssemos conhecimento das mudanas operadas no planeta, ao longo da Histria, por meio das conquistas de novas terras, colonizao, etc.; de como preciso compreender que vivemos numa comunidade de destinos sobre aTerra. A ideia de uma cidadania terrestre vem crescendo e sendo divulgada, pois a ptria terrestre deve integrar todos os seus componentes de igual modo.

A antropotica (tica em escala humana)refere-se ao stimo buraco negro. A tica antropolgica exige que o homem esteja em desenvolvimento simultneo de suas autonomias pessoais, seu ser individual, sua responsabilidade e sua participao no gnero humano. Aspectos esses que, em sua natural complexidade, so antagnicos e complementares entre si.

O quarto "buraco negro" existente na educao, segundo Edgar Morin, a compreenso humana, nos parece especialmente imprescindvel ao desenvolvimento de uma educao contextualizada e que aspire a atender s necessidades do homem moderno. "Em nenhum lugar ensinado a compreendermos uns aos outros." (pg.92). Na prtica escolar, podemos afirmar baseados em pesquisa, a capacidade de compreenso e sua necessidade, natural a todo indivduo, no de forma nenhuma explorada.

No falamos de compreenso no sentido de apreender conhecimentos objetivos e especficos sobre determinado tema. A compreenso tenciona conhecer o ser humano enquanto sujeito. Podemos entend-lo como sujeito por meio de afinidades, empatia. Tomar conhecimento de um determinado fato, em seus detalhes, no significa que o compreendemos. Se assim fosse, os tempos atuais seriam campees de compreenso, pois o acesso fcil a todo tipo de comunicao possibilita a grande maioria da populao a estar informado constantemente sobre os mais variados fatos. No entanto, o que vemos uma carncia crescente e assustadora de compreenso.

Talvez pressionado pela sociedade competitiva em que vive hoje, o homem criou como que um sistema de autodefesa, no qual a autojustificao, o egocentrismo, tm lugar de destaque. Poderamos considerar natural a dificuldade de compreendermos pessoas que vivem de modos distintos aos nossos, pertencentes a outras culturas, porm o que percebemos uma catica incompreenso domstica, fraternal, conjugal.

O individualismo, cada vez mais considerado adequado aos dias de hoje, nos torna distantes da realidade ntima de quem convive conosco. O processo de autopreservao desenvolvido pelo homem atual faz com que ele se revista de certezas ilusrias quanto a seus prprios defeitos e limitaes. Decorrente disso, a culpa dos erros que acontecem ao seu redor sempre atribuda ao outro, ao que lhe est prximo.

Existe a tendncia de diminuir o outro a suas caractersticas negativas, julgar sua personalidade e ser integral baseado, talvez, num nico fato. Ignorando o que pode ter feito de bom antes, ou poder fazer depois, julgado e condenado, na nsia de seu "juiz" de isentar a si mesmo de culpa.

Ainda temos a frieza, a indiferena. Nada nos interessa se no nos diz respeito direto. O homem moderno tem a tendncia de ignorar displicentemente aquilo que lhe incomoda, lhe estranho ou desvirtue de seus objetivos prticos individuais. No percebemos quando nosso prprio companheiro(a) nos pede ajuda, todos os dias, silenciosamente. Estamos muito ocupados com nossos prprios afazeres, sentindo pena de ns mesmos e, pior, achando que somos solidrios, compreensivos e... incompreendidos.

Para que a compreenso humana se torne possvel estritamente necessrio que o homem conhea a si mesmo. A auto-anlise fundamental. A busca pelo conhecimento de seu verdadeiro eu ser, simultaneamente, a busca pela compreenso do outro. Quando estamos em contato com as artes, o cinema, e a literatura em especial, somos despertados, por momentos, para a compreenso humana em geral, pois tais atividades promovem o autoconhecimento. Somente conhecendo e compreendendo a si mesmo que o homem estar possibilitado a realmente conhecer seu semelhante.

necessrio conscientizar-se de que a incompreenso pode ser devastadora para o homem j que no haver sentido no progresso se no houver compreenso. Se estivermos, paulatinamente, nos distanciando sem perceber e, pior, sem culpa alguma.

Na anlise dos mtodos avaliativos escolares percebemos que no h lugar, como em muitos outros setores do mundo moderno, para a compreenso humana. Os professores utilizam-se apenas de provas, testes e trabalhos escritos que no promovem, de nenhum modo o autoconhecimento, e, por conseguinte, o conhecimento verdadeiro do outro.

A opinio do professor em relao a exerccios utilizados no ensino de lnguas restrita a sua utilidade dentro da sala de aula, como exerccios de fixao de contedos.

A idia de conhecimento que a maioria dos professores atuais possui a de capacidade para realizar algo, competncia para o mercado de trabalho, o que gritantemente simplista e perigoso de se pensar, dada a complexidade e importncia do tema.

Sobre a compreenso humana, em especfico, o professor no fala em sala de aula, talvez nem tenha ele prprio, ouvido falar. Entende-a, simplesmente como a capacidade que os alunos tm de fixar os contedos por ele ensinados e ter um bom desempenho na avaliao, que ser, assim como as aulas, fragmentada e sem relao com o humano propriamente dito.

As dvidas, comumente segundo o professor atual, resultado do insucesso na aplicao dos contedos. Ignora que atravs das incertezas que o aluno pesquisa, cresce e se torna tolerante a outras realidades e sugestes.

Percebemos que a sala de aula no tem contribudo para que a compreenso seja difundida pelas relaes humanas a fim de que nos aproximemos uns dos outros antes que nos tornemos completos estranhos a ns mesmos e a quem convive conosco.

estritamente necessrio que sejam revistos os conceitos dos professores quanto a esse aspecto, principalmente nas aulas de Lngua Portuguesa e Literatura, visto que a linguagem um dos meios mais eficazes de compreenso, pois atravs dela que mais facilmente nos conhecemos e fizemos conhecer. As aulas de Lngua deveriam utilizar-se de seu carter de comunicao para diminuir a distncia entre as pessoas, aprimorar seus alunos na capacidade de verdadeiro dilogo e interao com o outro.

A compreenso humana e a prtica docente

Por: Cristiane Antunes

Perfil do Autor

Acadmica do curso de Letras. (Artigonal SC #3421515)

Fonte do Artigo - http://www.artigonal.com/linguas-artigos/a-compreensao-humana-e-a-pratica-docente-3421515.html




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